segunda-feira, 22 de abril de 2013

A falta de incentivos para o transporte público no Brasil - Luciano Roncolato

Olá para todos! Conforme prometido e divulgado, esta semana será de comemoração! O Estação Regional faz 4 anos e presenteia vocês com diversos artigos postados diariamente nesta semana, escrito por diversas pessoas do hobby!
No final desta semana comemorativa, falaremos uma novidade que agradará todos vocês, saudosistas do hobby!!
O artigo de hoje é de Luciano Roncolato! Ele que é diretor da Revista Interbuss, está no hobby há mais de 10 anos e faz uma observação nos investimentos feito pelo Governo Federal.




O Brasil é um país que nunca teve a cultura do transporte público de qualidade, nem mesmo nas grandes cidades. Nos últimos anos, essa bandeira foi levantada por conta dos grandes eventos que estão programados para acontecer por aqui, como a Copa do Mundo no ano que vem e os Jogos Olímpicos em 2016. Numa ação inédita, o Governo Federal liberou bilhões de reais para obras de mobilidade urbana em várias localidades, porém isso não é o suficiente.


Uma das primeiras grandes obras inauguradas foi o Corredor BRT Transoeste, no Rio de Janeiro, que liga a populosa Zona Oeste à Zona Sul, através de faixas exclusivas ao longo de mais de 40km. Obras desse porte aumentam a qualidade de vida não só dos usuários do sistema, mas também de todas as pessoas que moram ao redor das estações. Apesar disso, sabemos que tudo poderia ser muito melhor, se o governo incentivasse ainda mais o transporte público. Mas como fazer isso?
Na maioria dos países o transporte público também é operado pela iniciativa privada, assim como no Brasil, porém há algumas diferenças, como o fornecimento de subsídios e de todo o material de operação (rodante, inclusive). Para se ter uma idéia, os ônibus usados no sistema Transmilenio, de Bogotá, são comprados pelos governos municipal e federal em parceria, e fornecidos para as empresas privadas operarem. Isso facilita muito a vida das empresas, que pode investir mais na qualificação dos seus funcionários, manutenção dos veículos e garante uma grande redução no valor final da passagem. Na Europa o sistema de subsídios é muito comum. Na França, os bondes que circulam por algumas cidades recebem subsídios que variam entre 70% e 90% dos custos operacionais. Já no Brasil não há incentivo nem na redução de impostos, o que já poderia baratear bastante as tarifas, que são relativamente altas.


A impressão que temos é que no Brasil interessa-se mais o transporte individual do que o público. O crescimento desenfreado da frota de carros particulares observado nos últimos anos é uma grande prova disso. Ao invés de serem oferecidas vantagens para as empresas de ônibus investirem em veículos com maior qualidade, para as prefeituras investirem em infra-estrutura e para os encarroçadores e montadores desenvolverem produtos que se adequem à realidade brasileira com mais conforto e qualidade, o governo opta pela via contrária, concedendo isenção de IPI para a compra de carros de passeio, o que fez com que esse tipo de produto registrasse altíssimos índices de venda, e entupindo as vias de todo o país, enquanto o transporte público ainda patina.
Apesar do brasileiro ser genuinamente um povo individualista e prepotente, muita gente estaria disposta a deixar seu carro em casa e ir para o trabalho de ônibus. Porém, para que isso aconteça o transporte tem que ser de qualidade. Uma pessoa não vai deixar de ir trabalhar com seu carro para pegar um ônibus sujo, velho, lotado e com um motorista mal educado que conduza o veículo da pior maneira possível. É a partir daí que devem sair os princípios básicos da melhoria do transporte público no Brasil. A vontade política de melhorar também é fundamental. Nós podemos fazer a nossa parte, cobrando as obras prometidas para várias cidades, fiscalizando-as e pedindo cada vez mais melhorias. Mesmo que o governo não faça o suficiente, mas um passo já foi dado. Cabe à nós cobrar o que nos é de direito: um transporte digno e de qualidade.

- por Luciano Roncolato.




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