Como uma das cidades-sede da Copa do Mundo, e sede das próximas Olimpíadas, o Rio passa por um momento de intensas transformações. Dentro dessas transformações, uma das áreas de maior investimento é a dos transportes, com ênfase a mobilidade urbana. Entre obras em execução e concluídas, o BRT Transoeste merece destaque.
Com obras iniciadas em meados de 2010, é o primeiro dos 4 corredores BRT que a cidade terá até 2016. As obras da primeira fase foram concluídas no início de 2012, e o sistema foi definitivamente inaugurado em junho do mesmo ano. São aproximadamente 50 km de vias já em funcionamento, partindo do bairro de Paciência e do centro de Santa Cruz até o Terminal Alvorada, sendo cerca de 40 totalmente segregados do trânsito comum. O corredor ainda conta com uma segunda fase, em obras, que o estenderá até o bairro de Campo Grande (com previsão de entrega ainda pra esse ano), e até 2016 outra extensão deverá estar pronta, conectando o corredor ao metrô da Barra da Tijuca.
O corredor tem as características básicas de sistemas BRT já existentes: Uma faixa contínua em toda a extensão, pavimentada em asfalto, com recuos em concreto na altura de cada estação, que criam áreas de ultrapassagem, necessárias para a operação de linhas expressas e paradoras. As principais interseções contam com separação de nível, o que garante total fluidez ao sistema, e as demais, menos importantes, contam com o sistema de prioridade semafórica, que reprograma o tempo dos sinais com o objetivo de evitar as paradas dos ônibus do sistema. O BRT ainda conta com um túnel, que substituiu a passagem obrigatória dos usuários pela Serra da Grota Funda. Tudo isso sendo monitorado diariamente através do CCO (Centro de Controle Operacional), que acompanha o andamento dos veículos, e dá o alerta e as instruções necessárias as equipes de resgate presentes em toda a extensão do corredor, em caso de incidentes.
Atualmente o sistema conta com 41 estações em operação, a maioria funcionando 24 horas por dia. Localizadas no canteiro central das avenidas por onde o corredor passa, são arejadas e bem iluminadas, contando com bilheterias, pontos de recarga e segurança, além de comodidades para o usuário como monitores que exibem o tempo de espera e programas de entretenimento.
São cinco linhas troncais em operação, sendo duas ligando os extremos do corredor (Santa Cruz x Alvorada, em versões expressa e paradora), e outras três parciais, que partem ou chegam de estações intermediárias de maior movimento do corredor. O serviço expresso opera regularmente de 05 á 01 da manhã, enquanto o serviço parador funciona 24 horas. Para leva-lo até o sistema, o usuário conta com 13 linhas alimentadoras, que se originaram das antigas linhas convencionais que ligavam os bairros de Sepetiba, Santa Cruz e Campo Grande a Barra da Tijuca. A integração é feita através do Bilhete Único carioca, que dá direito a até três integrações em cada sentido, desde que o BRT esteja entre elas.
As empresas responsáveis pela operação do corredor são velhas conhecidas dos usuários. São elas a Auto Viação Jabour, e a Expresso Pégaso, que operavam as linhas convencionais substituídas pelo BRT. Ambas operam a frota principal do corredor, composta por 91 ônibus articulados. Montados sobre o chassi Mercedes-Benz O-500MA, e com carrocerias Marcopolo Viale BRT e Neobus Mega BRT, os veículos tem pouco mais de 18,5 metros de comprimento, 4 portas, e estão equipados com várias comodidades e equipamentos de segurança. Ar condicionado, monitores de TV e sistema de som, câmeras por toda a extensão, monitoramento por GPS e contato direto com o CCO do BRT se juntam itens como suspensão a ar, câmbio automático e menor nível de ruído no salão, que proporcionam viagens mais seguras e confortáveis para passageiros e condutores. Além deles, outros 25 ônibus da Empresa de Viação Algarve operam o corredor. Também com chassis Mercedes-Benz (O-500M) e carroceria Mega BRT, são responsáveis pela operação de uma das linhas auxiliares do corredor, e totalizam 116 ônibus em operação no Transoeste.
Prestes a completar um ano de operação, o Transoeste atingiu a marca de 120.000 passageiros transportados ao dia, e grandes benefícios aos usuários. Os tempos de viagem foram reduzidos de 30 a 50%, dependendo do tipo de deslocamento. Foram retirados das ruas cerca de 200 ônibus comuns, resultando em uma melhora significativa no trânsito da região do BRT, além dos benefícios aos operadores do sistema.
No entanto, existem falhas que ainda prejudicam a operação. O sistema enfrenta superlotação nos horários de picos, as linhas alimentadoras sofrem com frota insuficiente, e horários incompatíveis. Os atropelamentos, apesar de menos frequentes, ainda são um risco, mesmo com campanhas de conscientização veiculadas na TV, nos próprios ônibus e em mídia impressa. Os acidentes, causados na maioria das vezes por condutores de veículos de passeio, também são uma ameaça ao andamento da operação. São problemas que estão sendo resolvidos, ou minimizados, à medida que a implantação do sistema avança, mas que ainda causam transtorno.
Contudo, ao avaliar prós e contras, nota-se que o Transoeste é relativamente bem sucedido, e reforça a conclusão a que muitas cidades do mundo têm chegado: o BRT é uma alternativa eficaz de transporte, unindo conforto e qualidade ao usuário, e benefícios a operadores e cidades. Que as falhas e qualidades sirvam como base, não só para os próximos BRT’s do Rio, mas para os do resto do país também.
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